Algo que se esquece fácil sobre a história é que muita coisa sobre ela é pura merda. História é o resultado de pessoas no mundo de hoje tentando juntar o passado através de fragmentos, tudo distorcido pelo ponto de vista de quem escreve. E esse entendimento distorcido do passado muda a forma como pensamos o presente.

Por exemplo, presumimos que mulheres do passado provavelmente não lutavam nas guerras ou faziam arte porque não permitimos que as mesmas os fizessem até recentemente (vergonhosamente). Mas, a arqueologia provou que muitas das nossas presunções estavam erradas, o que – além de ter feito Nazistas derreterem [1]  – é exatamente o trabalho que arqueologistas deveriam fazer. Graças a eles, sabemos que:

 

#5. Mulheres Lutaram como Gladiadoras Romanas

 

 

Muito do que sabemos sobre gladiadores romanos vem do filme O Gladiador – escravos e criminosos, do sexo masculino, eram forçados a irem ao Coliseu para se massacrarem até a morte, como forma de entretenimento à população e utilização de animais exóticos que eram coletados pelos Romanos igual Pokemons. Havia uma mulher em Gladiador, mas ela andava em carruagens e atirava flechas em outros gladiadores, então ela não conta (como mulheres que lutavam).

 

 

Mas Na Realidade:

A arena dos gladiadores não era somente moedor de carne dos homens escravos que tinham abdominais vibrantes. Na verdade, a maior parte das pessoas que participaram do mais notório esporte sangrento da história eram voluntárias – soldados treinados e políticos procurando crédito extra nas ruas. E, como se sabe agora, muitos deles eram ELAS. Existem documentos escritos de gladiadoras mulheres que seriam persistentes, mas raras, quase como se os Romanos não pensassem que o conceito era tão bizarro que eles precisariam especificar quando o combatente fosse, na verdade, mulher.

Senhoras gladiadoras também não eram o resultado de um imperador particularmente progressista que acreditava na igualdade de gêneros nos esportes mortais. Era bem o oposto – a participação de mulheres existiu por 200 anos, com evidências de várias restrições (nenhuma mulher diretamente relacionada a generais ou senadores poderiam ser gladiadoras, por exemplo) até que o Imperador Septímio Severo finalmente as baniu, provavelmente porque um primo dele ou algo parecido teve o traseiro cortado por Lucrécia, a Esmagadora. Então, por que nunca ouvimos falar sobre isso antes? Bem, isso é um bom exemplo de como esse tipo de exclusão não-intencional funciona: quando arqueologistas desenterram uma estátua de uma gladiadora mulher, exibindo ameaçadoramente algum tipo de arma em uma pose de guerreira vitoriosa, eles originalmente a descrevem como “uma ferramenta de limpeza” – porque limpar é algo que mulheres fazem. E, se você vai limpar algo, você pode fazer isso com Os Poderes de Grayskull.

 

 

Então, no ano 2000, arqueologistas encontraram a tumba de um gladiador condecorado, mas ficaram confusos ao descobrir que o corpo dentro dela era de uma mulher – como se uma mulher tivesse acidentalmente caído no túmulo por engano.

Isso não sugere que Romanos eram menos agressivamente patriarcais, orgulhosamente uma sociedade de caras, mas somente que eles tinham, surpreendentemente, atitudes de oportunidades iguais sobre quem poderia ser jogado em um abismo para ser decapitado por uma clava, por puro entretenimento. Mas, por quase dois mil anos, nós tivemos problemas enfiando nas nossas cabeças essa ideia. Assim como….

 

 #4. Mulheres Samurais Eram Mais Comuns do que Você Pensa

 

 

No Japão feudal, samurais eram fortes, dignos de honra, e invariavelmente homens fodões marchando intencionalmente rumo a uma morte poética. Esse era a sociedade em que mulheres eram geralmente caricaturadas como modestas, geishas angelicalmente pintadas, cuja mais importante responsabilidade era chorar pelos pais/irmãos/maridos. Mas, sob nenhuma circunstância, elas poderiam ter se juntado aos homens nas lutas, como iguais – samurais mulheres não eram culturalmente aceitas na época, meio que quando as pessoas brevemente tentavam usar suas roupas de trás pra frente em plena década de 1990, sob influência de um pesado Kriss Kross (dupla americana de rap).

Mas, na realidade:

 As mulheres do Japão feudal eram também fodonas. Elas eram criadas com o mesmo código Bushido de seus colegas homens – a morte antes da desonra, o que significaria basicamente “não se deixe ser levado vivo” (mulheres sempre tinha adagas prontas para propósitos específicos de lança-las contra o peito de alguém atacando ou seu próprio coração caso necessário). Elas não somente lutavam como últimas na linha de defensa – análises de DNA de vítimas de uma batalha em particular, a batalha de Senbon Matsubaru, em 1580, mostraram que 35 dos 105 corpos testados eram de mulheres. Então, quase um terço dos guerreiros mortos nessa batalha carregavam ovários.

Mulheres de classes mais altas no Japão feudal eram ensinadas uma forma de artes marciais diferentes dos homens, especificamente treinadas com um tipo de arma com a lâmina curva, chamada naginata. Isso não significa que mulheres eram menos mortais, somente que o método específico de treinamento para matar era recebido de acordo com gênero, linhas de sucessão e habilidades específicas (pela mesma razão que você não daria a Johnny Hatchestlayer um taco de baseball). Esposas de samurais deveriam saber tanto sobre guerra quanto seus maridos e, às vezes, até mesmo seguiriam os mesmos nas batalhas se a situação pedisse – o que seria algo do tipo, “se elas não quisessem ficar em casa enquanto seus maridos saíam por aí apunhalando coisas”.

 

 

Era, na verdade, lei, que mulheres de comandantes militares assumiriam o comando caso seu marido ficasse ausente da responsabilidade. Por analogia, se o presidente dos Estados Unidos fosse raptado por ninjas, na linha de sucessão não viria o vice-presidente, mas sim a primeira-dama. Na verdade, uma das lendas mais populares de samurai no Japão é a de Tomoe Gozen, uma samurai do século XII conhecida por cortar fora a cabeça de idiotas.

 

Mas, até hoje, diga “samurai”, e qualquer pessoa que escuta pensará, automaticamente, em um cara. Isso é uma verdadeira pena – crianças poderiam se beneficiar ao aprender sobre uma heroína, que serviria de exemplo, e que lidava com poderosas lições de vida na forma de decapitação.

 

#3. As Lendárias Guerreiras Amazonas Realmente Existiam.

 

 

Amazonas – mulheres sedentas por sangue e incrivelmente grandes – são uma raça de guerreiras mitológicas, da época da Antiguidade Grega e dos poemas de Homero, então é fácil colocá-las junto às grandes imagens dos poetas épicos, como os Ciclopes, sereias e Armand Assante (referência ao ator americano, que participou de várias seres de televisão e novelas).

Fora Mulher Maravilha e aquele episódio de Futurama, a lenda de toda sociedade guerreira feminina comumente envolve um número memorável de tropes – elas eram gigantes, matavam bebês do sexo masculino ao nascer, e frequentemente cortavam fora um dos seios para que pudessem segurar melhor seu arco e flecha. Mas, de longe, a mais decorativa de todas é a noção de que as guerreiras Amazonas sequer existiram.

 

 

Mas, na realidade: 

A arqueologia moderna está lentamente revelando que as Amazonas realmente existiram, mesmo que elas não tenham tido três metros de altura e geralmente possuíam os dois seios intactos. Elas não vinham da floresta (a floresta Amazônica e o rio Amazonas foram nomeados em homenagem às Amazonas, e não o contrário), mas a que os gregos geralmente se referiam eram as Citas – tribos guerreiras do que seria algo entre o Irã e a Turquia atuais.

 

 

O consenso científico é o de que durante a maior parte do século XX os gregos, quando falavam sobre mulheres guerreiras, estavam, na realidade, se referindo ao homens sem barba que era zoados como sendo mulheres – somente para jogar sombra sobre o assunto. Não é tão difícil pensar que os braçudos-barbados do filme 300 chamariam um bando de homens limpinhos-barbeados com estruturas ósseas fabulosas de “mulheres” em uma maneira difamatória. Pessoas ainda fazem merdas assim hoje em dia. Mas, escavações modernas de túmulos Cintas na década de 1990 revelaram que os ranques de guerreiros incluíam homens e mulheres em números iguais. Também, que mulheres guerreiras eram decoradas com o mesmo tanto de tatuagens e feridas de batalha quanto seus colegas do sexo masculino. Elas eram até mesmo enterradas com suas armaduras e armamentos, assim como os homens – quase como se a cultura Cinta não achasse isso nem um pouco estranho.

 

 

Alguns estudos sobre tradições familiares revelaram que essas Deusas da Batalha provavelmente não matavam suas crias do sexo masculino ao nascer. Por um motivo, isso não faz o menor sentido biológico, a não ser que as Amazonas fossem capazes de se reproduzir assexuadamente como gigantes gremlins, o que a maioria dos estudiosos acredita ser improvável. Agora, acredita-se que os garotos eram mandados de volta para casa, para serem criados por seus pais (ou por tribos vizinhas como um sinal de boa vontade) enquanto as guerreiras focavam num trabalho mais importante de acabar com a raça dos gregos.

Em uma anotação similar…

 

 #2. Vikings Traziam Consigo Suas Esposas

 

Nós dissemos antes que a palavra “samurai” traz consigo uma imagem específica de homem, mas isso é muito mais verdade com relação aos “Vikings”, o que nos traz à mente selvagens barbados pulando de seus barcos para queimar as terras de lugares novos e excitantes. A única coisa que todo mundo sabe sobre a cultura Viking é que os homens passavam seus dias separando a cabeça das pessoas com seus machados, enquanto as mulheres ficavam em casa, se tornando obesas, cresciam tranças, e cantavam óperas (nosso conhecimento da cultura Viking vem, primariamente, de Hagar, o Horrível).

 

 

Mas, na realidade:

A ideia de que exploração e conquista era puramente um trabalho masculino é quase inteiramente baseada na ficção do romantismo moderno do que em história real. Na verdade, a palavra “Viking” é confusa quando se refere aos povos Nórdicos – de acordo com a Professora Doutora de História Erika Hagebelrg, é a mesma coisa que se referir a todos os americanos como “Oficiais da Marinha”.

 

 

 

Na verdade, os Nórdicos eram muito mais interessados em acordos pacíficos e colonização do que em bater nas pessoas e pegar suas tralhas. E as mulheres tinham um papel muito mais ativo na sociedade Nórdica do que as representações contemporâneas nos fazem acreditar. Enquanto temos presumido que os homens nórdicos eram histéricos, sedentos por sangue e saíam por aí conquistando a Europa sozinhos e repovoando o continente por meio de violência sexual, evidências atuais de DNA mostram que eles normalmente traziam suas famílias inteiras em suas viagens e estabeleciam colônias. De qualquer forma, eram mais parecidos com peregrinos escandináveos do que assassinos ceifeiros (apesar de que qualquer sociedade colonial depende de pelo menos um mínimo de assassinos ceifeiros).

 

 

Pra deixar claro, não tem muita evidência de que as mulheres tinham um papel importante nas invasões Vikings. Mas, sabemos que as mulheres tinham um lugar maior do que simplesmente esperar pacientemente na Islândia, se certificando de que o porco estava assando devidamente e em tempo para que seu marido encharcado em sangue retornasse e cortasse, com a mesma espada que cortou a cabeça de 100 ingleses, uma fatia do tamanho de um cérebro inglês.

(Obs: Essa reportagem diz que: “Pesquisadores que analisaram o material genético – DNA mitocondrial herdado da mãe extraído de 80 esqueletos Viking desenterrados na Noruega – descobriram que as mulheres nórdicas desempenharam um papel central nos assentamentos Vikings estabelecidos na Grã-Bretanha e em outras partes do Atlântico Norte”).

 

 #1. Artistas da Idade das Pedras Eram Majoritariamente Mulheres

 

 

Quando a Idade das Pedras rolava por aí e os humanos de repente se conscientizavam que suas mãos poderiam ser usadas para outras coisas além de socar a comida até a morte, eles começaram a produzir grandes obras de arte. Notavelmente, a arte incluía pinturas nas cavernas e pequenas esculturas que eram incríveis conquistas para a época; mesmo que todas elas, objetivamente, sejam uma bosta.

O que você talvez não saiba é que quando arqueologistas começaram a escavar esses projetos de arte antigos, eles fizeram uma descoberta interessante – a obra de arte mais antiga parecia pornografia, uma revelação que provavelmente resultou em arqueólogos se cumprimentando e fazendo barulhos estilo Tim Allen. Nós estamos falando sobre pinturas da caverna com temas como vagina, pênis gigantes feitos de osso de animais, e as famosas Figuras de Vênus – pequenas estátuas de  mulheres encontradas por todo o mundo antigo, que colocavam mulheres como troncos de árvore sem cabeça e seios comicamente grandes.

Arqueologistas sempre presumiram que essas pinturas antigas eram feitas por homens porque quem diabos além de homens passariam seu tempo livre desenhando pornografia rudimentar e action figures (bonecos) de peitos?

 

 

Quanto às pinturas das cavernas, presumia-se, predominantemente, que sempre foram feitas por homens porque… bem, simplesmente porque.

Mas, na realidade:

Você sabe onde isso termina: muitos arqueologistas recentemente decidiram que a maior parte das pinturas das cavernas foram provavelmente feitas por mulheres. Como diabos eles poderiam saber isso, além de ter encontrado assinaturas antigas nas costas dos mamutes de carvão? Bem, na média, as mãos femininas tinham um dedo anelar que é menor que o dedo indicador (enquanto no homem, é o contrário), e essa diferença, acredita-se, era maior nas pessoas da antiguidade. Aplicando essa regra às digitais deixadas nas pinturas, cientistas concluíram que aproximadamente três quartos delas eram femininas.

 

 

As pinturas poderiam ser parte de um tipo de ritual (algumas sociedades caçadoras-coletoras tinham xamãs femininas), ou elas poderiam ser apenas o resultado de horas demais esperando sentadas e sozinhas em uma caverna empoeirada, numa tarde de sábado.

E quando arqueologistas mulheres começaram a estudar as Figuras de Vênus, elas perceberam que pareciam estranhamente familiares quando vistas de um certo ângulo – isso é, de cima para baixo. As figuras tinham uma semelhança com o jeito que mulheres, particularmente as grávidas, se veriam enquanto olhavam seus corpos – basicamente, somente peitos, barriga e coxas.

 

 

Essa perspectiva feminina permitiu a teoria alternativa de que, longe de ser masturbação para os macho-beta, as figuras de Vênus eram, na verdade, auto-retratos, algo para a grávida das cavernas se ocupar – enquanto os homens estavam por aí na sua batalha por comida – ou talvez para rastrear o progresso da gravidez, algo como um antigo gráfico de crescimento.

De qualquer forma, o fato é que quando nos deparamos com essas figuras, nossa primeira presunção de que, “eu aposto que os caras se masturbavam olhando isso”, diz muito. Apesar de que, acreditamos, só porque uma mulher as fez não quer dizer necessariamente que alguma cara não se masturbou com elas depois.

*Texto originalmente publicado aqui e traduzido por Ana Carolina de Deus.

[1] (expressão que faz menção à cena final do filme “Indiana Jones”, em que nazistas, literalmente, derretem)