Parece um número de equilibrista, mas é a realidade vivida pela maioria das mulheres. Seguir atingindo metas e cumprindo tarefas no trabalho e dividir o gerenciamento de uma casa e de uma família que acabou de aumentar de tamanho, definitivamente não é uma missão simples.

Por mais que a chegada do bebê possa representar uma das maiores alegrias e realizações a serem experimentadas, a volta à rotina exige da mãe bastante energia e foco. Vivenciar a maternidade sujeita a mulher a situações de intenso impacto físico e psicológico em um curto espaço de tempo.

Assim, a saúde da mamãe precisa da mesma atenção quanto a do bebê, tanto durante a gravidez e o parto, quanto depois do nascimento da criança.

 

A maternidade além da aura do sagrado

 

Em aspectos gerais, a saúde física costuma ser o ponto de grande foco quando se fala em cuidados durante e depois da gestação. Erroneamente, o senso comum rechaça a ideia da existência de depressão nesta fase tão “cor-de-rosa”.

Independente de questões sociais ou idade, qualquer mulher está sujeita a desenvolver transtornos mentais que podem surgir na gestação ou durante o ano seguinte ao parto.

Pesquisas mostram que uma em cada quatro novas mães experienciam algum tipo de sintoma de depressão pós-parto, como a publicada pelo Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente.

Assim, por si só, a maternidade representa uma fase que necessita de dedicação adicional à manutenção do equilíbrio emocional. Adicionando-se a isso a pressão sobre mulher pela rápida volta à rotina anterior à gravidez, os riscos de ter o aspecto mental, emocional e psicológico afetado é bastante considerável.

Nesse contexto, não é raro uma gestação funcionar como um empurrãozinho na hora de optar por contratar um plano de saúde. Embora seja esse um dever do Estado. Ou seja, promover o acesso à saúde de qualidade e gratuita, inclusive a saúde mental, com tratamentos com psicólogos, psiquiatras e terapias diferenciadas.

 

O que você precisa saber:

 

  • Não minimize transtornos mentais relacionados à maternidade, eles não são apenas “hormônios desequilibrados” e a maternidade não traz apenas momentos de felicidade;
  • Segundo estimativas, 70% das mulheres escondem seus sintomas, dificultando o tratamento e a discussão aberta e realista sobre a problemática. As conotações negativas e as atitudes do entorno social e familiar ainda são uma grande barreira nesse sentido;
  • Ocultar o problema não fará com que ele desapareça, pelo contrário, pode piorá-lo e tornar o tratamento mais complexo. Um transtorno de saúde mental interfere na vida normal da mulher, em sua capacidade de desenvolver o papel de mãe e na criação de vínculo com o bebê;
  • Desconstrua a idealização da maternidade. Transtornos mentais perinatais não têm absolutamente nenhuma relação com ser uma mãe ruim. Por isso, não hesite em buscar tratamento, a saúde mental materna afeta diretamente a mulher, mas também o bebê e a família. O crescimento saudável dos filhos tem a saúde mental da mãe como um importante pilar;
  • Nossa sociedade vive em um ritmo dificilmente compatível com o ritmo biológico da gravidez e da lactância, o que contribui para o aumento do nível de estresse. Compartilhar experiências e preocupações com outras mães pode ser consideravelmente útil;
  • Planejar a gravidez incluindo os cuidados com a saúde mental de forma rotineira. Se a mãe conversar com um psicólogo desde o princípio, sinais e fatores de risco podem ser trabalhados e uma intervenção de apoio pode facilitar todo o processo. Invista em saúde mental.

 

Quando se trata de saúde mental na maternidade, nem sempre é sobre depressão pós-parto

 

Embora muitas pessoas associam a saúde mental das mães a problemas como depressão pós-parto ou mesmo hormônios, o problema vai muito além. A cobrança que a nova mãe recebe é muito grande, tanto de pessoas ao redor quanto dela mesma por, muitas vezes, se espelharem na maternidade apresentada pelas revistas.

Se a mãe não está psicologicamente bem, isso afeta os filhos. É importante considerar que as crianças são sensíveis ao meio ambiente em que vivem, bem como à qualidade dos cuidados que lhe são oferecidos. Uma mãe que sofre com transtornos mentais pode, sem querer, gerar conflitos familiares.

Portanto, a gestação traz não apenas mudanças físicas, mas também psicológicas e por isso é importante investir em cuidados terapêuticos durante a gestação. E, no pós-parto, o profissional será de grande ajuda para que a nova mãe não se cobre tanto e saiba lidar com situações diversas, especialmente o seu estado emocional.

 

Andreia Silveira, mãe e freelancer em Marketing de Conteúdo e estratégia para sites e redes sociais no site da Smartia.com.br.

 

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