Nosso primeiro post da série FAQ FEMINISTA diz respeito ao alistamento militar obrigatório, que (ZZZzzzZZz) é usado por 10 entre 10 machistas para “refutar” a ideia de que o feminismo luta por equidade. “O feminismo é uma luta por igualdade? Pois eu nunca vi o feminismo lutando por serviço militar obrigatório!”, dizem.

As mulheres sempre lutaram para fazer parte das forças armadas, espaço esse que sempre foi um “clube do bolinha”, afinal, guerra não é “coisa de mulher”. Os Colégios Militares, por exemplo, só foram aceitar mulheres com a Constituição Federal de 1988. Também só depois de 1980 que as mulheres puderam integrar as forças armadas no Brasil, ainda assim apenas em funções administrativas.  Ainda está em tramitação o PLS 213/2015, de autoria da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que “destina-se a assegurar às mulheres a prestação do serviço militar, desde que por ele optem no mesmo prazo legal previsto para a apresentação dos demais brasileiros”. O texto foi aprovado no dia 17 de junho pela Comissão de Direitos e Legislação Participativa (CDH) e seguirá para a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), onde receberá decisão terminativa, conforme noticia o Congresso em Foco.

Então,  nunca foi uma questão das mulheres não quererem servir, elas simplesmente não podiam servir. E esse é um lado repressor do machismo aos homens: se o homem tem que ser forte, protetor, caberia a ele, então, servir à pátria e arriscar sua vida em combate. E, apesar do choro generalizado dos homens em não querer servir às forças armadas hoje, antigamente, pelo menos, lutar em guerras era algo muito bem visto, uma verdadeira honra. Quem se opusesse era considerado covarde e sofria sanções sociais (algumas vezes até legais). As mulheres que queriam servir, eram impedidas. Algumas, inclusive, se disfarçaram de homens tamanha devoção à causa pelo qual estavam lutando. Em outras culturas, como a escandinava, mulheres lutaram ao lado de homens em batalhas. Pensando nisso, você acha que o feminismo iria ser contra o ingresso das mulheres nas forças armadas?

Mas então porque não lutar pelo alistamento militar obrigatório às mulheres? Porque não faz sentido lutar por alistamento militar obrigatório às mulheres enquanto podemos lutar para que o alistamento não seja obrigatório à ninguém! E sempre tem um que vem dizer: “Mas eu nunca vi as mulheres se organizando pra fazer passeata pelo fim do alistamento militar obrigatório”. Eu também nunca vi – não quer dizer que nunca existiu-, mas também eu nunca vi nem homens fazendo passeata pelo fim do alistamento militar obrigatório. É bastante incoerente você apontar o dedo pra criticar algo que o movimento feminista nunca fez, sendo que você também nunca moveu um dedo pra fazer. Existem muitas outras pautas do feminismo que não tiveram passeata, e não deixam de ser menos importantes por causa disso.

 

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