Hoje completa seis anos do assassinato de Claudia Silva Ferreira. Sua história ficou conhecida pela barbaridade da sua morte: Claudia foi baleada e teve o corpo arrastado por 350 metros por um carro da Polícia Militar. O crime ocorreu no Morro da Congonha, em Madureira, subúrbio do Rio de Janeiro.

Após ser baleada, Claudia foi colocada por PMs no porta-malas para ser levada para o Hospital Carlos Chagas. No entanto, no meio do caminho a mala abriu e ela ficou presa por um pedaço de roupa enquanto era arrastada pela viatura. Claudia chegou ao hospital já sem vida.

A repercussão do crime foi igualmente bárbara. Uma pessoa anônima filmou seu corpo sendo arrastado, o qual foi estampado em diversas notícias sem ao menos citar seu nome. Claudia foi um corpo arrastado, tratado pela mídia como uma coisa tal quais os policiais que a jogaram no porta-malas.

Passados seis anos, nenhum dos policiais militares envolvidos no seu assassinato foi julgado ou punido pela Justiça. Segundo o jornal Extra, “dois dos PMs que integravam a patrulha se aposentaram depois do homicídio. Já os outros quatro agentes seguem trabalhando nas ruas da Região Metropolitana do Rio”. O processo contra os envolvidos caminha a passos lentos. Somente após cinco anos desde a morte de Claudia foi realizada a primeira audiência.

“Dois dos PMs, o capitão Rodrigo Medeiros Boaventura, que comandava a patrulha, e o sargento Zaqueu de Jesus Pereira Bueno, respondem pelo homicídio de Claudia. Após as audiências, o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira vai decidir se a dupla vai à júri popular. Já os subtenentes reformados Adir Serrano e Rodney Archanjo, o sargento Alex Sandro da Silva e o cabo Gustavo Ribeiro Meirelles respondem pelo crime de fraude processual, por terem modificado a cena do crime, removendo Claudia, já morta, do Morro da Congonha. Todos respondem ao processo em liberdade”, apurou o Extra.

Nenhum dos envolvidos também sofreu qualquer tipo de punição administrativa. Eles não foram sequer afastados de suas funções até o esclarecimento do caso na Justiça, uma medida que seria óbvia para qualquer caso envolvendo crime cometido por alguém da corporação.

Em 2014, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro firmou acordo com o Estado para pagamento de indenização por danos morais e materiais em razão da morte de Claudia. O acordo determina o pagamento de pensão ao marido e filhos de Cláudia. É um alento diante da falta de Justiça de ver os assassinos ainda trabalhando normalmente em suas funções. No entanto, ainda assim é mais um caso varrido para debaixo dos tapetes como todas as vítimas de “confronto entre policiais e bandidos”, o discurso oficial para o genocídio da população negra feita pelas forças policiais.

Cláudia Silva Ferreira, mulher, negra, mãe de quatro filhos, assistente de serviços gerais, 38 anos, conhecida como Cacau, presente!

 

 

 

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