Não basta a vida precária. Não basta os cárceres erguidos para amontoar os homens negros e pobres que são rifados por barganhas monetárias e políticas do sistema prisional brasileiro. Não basta o silencioso feminicídio das mulheres negras que nem entram para as manchetes dos jornais. É preciso aniquilar qualquer possibilidade da nossa reprodução social.

As tristes mortes das nossas crianças negras que estão sendo veiculadas nesse período de pandemia nada mais é que resultado de um processo, desde sempre, de aniquilação da nossa existência. Matar as nossas crianças representa matar o nosso futuro, as nossas futuras descendências racial e étnica.

O que infelizmente assistimos é uma reprodução da tentativa de assepsia social, cujos corpos matáveis da vez são as que poderiam perpetuar a nossa história de luta e resistência: as crianças pretas.

No entanto, o sistema racista esquece que para cada morte de um anjo negro, outras sementes de vida são germinadas. Quem mais sabe sublimar a dor e a morte são os povos pretos, que desde os navios negreiros – e o tempo de cativeiro – fecundam raízes ancestrais de r.existência nessa terra Brasil.

 

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