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Dia 20 de novembro é a data escolhida para comemorar o dia da consciência negra. É o dia da morte do líder negro Zumbi dos Palmares, o homem quem lutou contra a escravidão no nordeste, portanto esta data também é usada para rever a posição dos negros na sociedade. Entretanto, nos dias atuais ainda vemos notícias diárias pelos diversos meios de comunicação, fatos que nos mostram o quanto ainda existe racismo e o quanto pessoas negras sofrem pura e simplesmente pela cor de sua pele, concomitantemente sofrem pela situação econômica social.

Ouvimos dizer que não existe mais racismo. Contudo, vemos ocorrer no cotidiano: numa atitude, num gesto, numa piada, numa praça, empresa, fila de banco ou filas de padarias, em diversos ambientes e com diferentes pessoas. Ocorre ainda de forma explícita e implícita (silenciosa), como por exemplo numa entrevista de emprego, dentro de uma empresa para seleção de cargos mais altos. Não importa a sua formação nem suas habilidades para a vaga, se você for negro provavelmente os olhares sobre você serão diferentes e você perceberá isso.

Infelizmente, o racismo acomete pessoas negras já desde a infância. Ao nascer, observam o cabelo do bebê e se começar a se formarem cachinhos, os adultos já preveem que o cabelo será “enrolado”, “ruim”… Na escola, a criança é comparada a animais e isso se estende até a adolescência, adicionados outros apelidos e outras brincadeiras de cunho pejorativos que contribuem para a baixa auto estima e inseguranças.

Conforme os anos vão se passando, as experiências começam a ser encaradas de forma diferente, compartilhadas com outras pessoas que passaram pelo mesmo ou situações semelhantes às suas. Você percebe que não é o único e nem que está sozinho. Você começa a perceber-se de maneira distinta e a ver a realidade tal qual como ela é. Reconhece-se enquanto negro e passa a encarar de frente tudo o que vêm junto disso, decide abandonar os alisantes e progressivas e todas as técnicas existentes que são vendidas e vislumbradas para que se encaixe no “padrão” social. Abandonar isso é libertador!

E não só sobre os alisantes e afins, quando decide-se mudar tais procedimentos que foram hábitos um dia, deixar de fazê-lo é livrar-se de conceitos que foram lhe impregnados precocemente e você nem tinha consciência deles. É libertar-se de inseguranças, medos e receios do que os outros vão pensar sobre a sua aparência, de que seu cabelo deve estar preso ou “comportado” e passa a ter uma leve e agradável sensação de que você é livre. Livre sim para usar seu cabelo solto, preso, com penteados. O volume do seu cabelo crespo não importa, sente-se até estranho inicialmente por não sentir mais vergonha de si e da sua aparência.

Ser negro e encontrar-se na sua negritude é ter a liberdade para ser quem você é. É sinal de luta e resistência, é sentir essa força que nos acompanha para lidar com as adversidades da vida, antes mesmo de percebermos. Entregar-se é despertar-se para quem você é genuinamente, é reconhecer alguém que você nunca deixou ser pois agia de acordo com aquilo que lhe foi imposto, mas nunca é tarde para despertar e libertar-se.

A consciência negra é algo a ser discutido todos os dias e não só numa data específica, pois infelizmente o racismo existe, adoece e mata quem literalmente sofre na pele todos os dias por algo que não faz sentido algum. Desperte-se e mostre ao mundo o poder negro! Já sofreram muito por nós, precisamos continuar a luta até que ninguém precise mais sofrer pela cor de pele. Há 130 anos a escravidão foi abolida, tiraram as correntes, mas ainda sentimos o peso delas sobre nós!

 

Bruna Rafaela Gomes Alves. Um ser em constante des(construção). Amante da natureza, dos prazeres da vida e do ato de expressar no escrever.