“Yo me amo y me afroamo

Y defenderé mi derecho de existir

Y ser tratado con igualdad y liberación. ”

 

 

Publicado em 2020, a autora Yolanda Arroyo nos presenteia um tratado híbrido de Afroamor próprio: o livro “Afrofeministamente”, uma ferramenta de Afrodescobrimento, Afroautoestima, Afroempoderamento para crianças, adolescentes e adultos.

“Afrofeministamente” nasceu da grande necessidade de ter um livro que sirva para todas as idades. Assim, Yolanda o divide em 6 partes: a primeira é exclusiva para as crianças, traz desde canções de ninar até jogos infantis, com o intuito de que a criança tenha o seu próprio espaço no livro e comece a entender desde cedo sobre Afroempoderamento; brinca, ainda, com rimas e versos musicais em sua poesia; ao passar das páginas encontramos poemas de amor, autoestima, descobertas, lutas, honra, força, garra e resistência do Afro, da negritude, onde ela faz questão de passar o conhecimento dos seus ancestrais e nos relembrar sobre a importância de ter uma literatura Antirracista.

Em todos os seus escritos, Yolanda nos deixa marcas da sua ancestralidade, da sua história e propósito de vida. Apresenta, ainda, traços da sua luta, amor e dedicação por sua avó, assim como podemos observar na poesia “A Afrodiva era minha avó” a honra que ela transmite nas entrelinhas e a forma que fala das suas origens, da sua cor, da sua raça, dos seus antepassados, da sua garra e força para seguir a luta contra o racismo. Nascida e criada em Porto Rico por sua avó, Yolanda faz questão de sempre lembrar dos ensinamentos que a mesma deixou, e com frequência ressaltando, que passa isso até hoje para a sua filha Aurora.

 

Yolanda Arroyo Pizarro

 

E assim, foi publicada a primeira versão em espanhol de “Afrofeministamente” que contém 65 páginas recheadas de uma grande história de luta, em que o seu maior objetivo é repassar todo o ensinamento que carrega ao longo de todos os anos de vida da querida escritora Porto-Riquenha.

A tradutora, Jéssica Saraiva, faz parte de um grupo pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) que se chama “Escrevivências de Mulheres Negras em Diáspora” e vem fazendo esse trabalho desde 2019, traduzindo algumas poesias de Yolanda, e em breve será publicado a primeira edição de “Afrofeministamente” em português.

Aqui, deixo uma poesia do livro traduzida para vocês se deliciarem.

 

A AFRODIVA ERA MINHA AVÓ

Manifesto de Afroamor próprio

 

Eu me amo e me afroamo

Minha afroidentidade é sublime e importante

Meu Afrointelecto vem das divinidades

Das sabedorias das tataravós

Dos jogos das aldeias

Da Afrosororidade nas tribos

Meu reconhecimento dos ancestrais e suas lembranças é primordial

Amo minha melanina

Essa cor de pele maravilhosa

Essa pigmentação da derme extraordinária

A linda cor café com leite

A cor caramelo deslumbrante

Essa fantástica cor sépia

Somos altezas da pele canela

Reis e rainhas Ashanti, yorubá, carabalí

 

Eu me amo e me Afroamo

E defenderei meu direito de existir

E ser tratado com igualdade e libertação

 

Eu me amo e me Afroamo

Amarei e Afroamarei aos meus irmãos negros

Aqueles que tem dificuldades no mundo devido ao racismo e seus preconceitos

Aquele que enquanto mais escuros são mais difíceis de sobreviver.

A eles, a elas, e a mim.

Todo esse Afroamor

Aménashé

 

Afrofeministamente, pág. 17

Tradução: Jéssica Saraiva

 

Edição por Bruna Rangel e revisão por Júlia Zacour.

Jéssica Saraiva, 29 anos, Feminista e graduada em Letras Espanhol pela Universidade Federal de Sergipe, participa de um grupo de pesquisa que se chama “Escrevivências de Mulheres Negras em Diáspora “onde tenho esse espaço para falar do que tanto amo fazer e escrever, que é a literatura.

 

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