Por uma maternidade simples. Não aquela simplicidade referente à classe, modéstia e recolhimento, pelo contrário. Uma simplicidade que significa paz. É assim que deveria ser chamada a função a qual mulheres que são mães exercem diariamente. Está, no entanto, longe disso.

Maternar de forma simples deveria ser aceito pela sociedade. Uma mãe deveria ser vista como uma mulher além daquela que deu à luz, amamenta e troca fraldas. Ela deveria ser vista como aquela que também tem sentimentos como qualquer outra pessoa. Que chora por amores perdidos, se regozija pela chuva que cai numa tarde quente demais, que goza de felicidade ao saborear um doce tão esperado no final de semana.

A maternidade simples deveria estar relacionada à aceitação, ao não julgamento, ao amor e a mulher que só quer ser ouvida, vista e sentida.

Parece tão simples sonhar com essa maternidade, ou essas maternidades, já que somos tantas em busca desse sonho que parece tão distante e indigno aos nossos olhos, corpos e filhos.

Eu que estou em contato com muitas mulheres que têm essa meta —  mais de 600 pra ser mais exata —  tiro de cada texto enviado a mim, de cada frase e palavra, a ânsia pela simplicidade, pelo bem-viver, bem estar, pelo não julgamento e pela calmaria do apenas ser.

Mulheres desejam chegar a essa linha que parece tão distante de alcançar, mas não é impossível. Isso se torna viável se tivermos uma “aldeia inteira para criar uma criança”, no caso, a nossa sociedade. Parafraseando um provérbio nigeriano— filho de uma, de todos e todas.

Sonho com este dia e tenho esperança de que ele chegue logo. Não só eu, mas todas as que estão ao meu lado, que são denominadas mães e que seguem no seu exercício diário do maternar.

Então, encerro esse artigo com um desejo: de que todas nós, um dia, alcancemos a maternidade simples. Não sozinhas, mas juntas, em unidade com todos aqueles que sonham com um mundo melhor para si, para as gerações futuras e os filhos dos filhos.

O meu anseio é que essa simplicidade alcance a mim e a você, sem exceção. Com muito amor, empatia e entendimento pelo que passamos diariamente, para que nossas vozes sejam ouvidas e acatadas. A fim de que sejamos vistas e não apenas lembradas em datas comerciais, para respirarmos aliviadas em saber que existimos e que somos muito mais do que o papel social que nos foi atribuído. Por fim, que seja leve, que seja simples.

Editado por Bruna Rangel e revisado por Júlia Zacour. Imagem: Family photo created by lookstudio – www.freepik.com

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