A Diretora Criativa do Orbit Books, Lauren Panepinto, mantém um blog sobre artes chamado Muddy Colours – A Fantasy Art Collective. Em um dos seus mais recentes posts ela discorre sobre o que mulheres querem em personagens que são também… mulheres.

É um dado, diz, que na ficção científica e nos filmes, livros , história em quadrinhos e jogos de fantasia, o ponto de vista dominante tem sido historicamente o do homem branco e hétero. Isso significa que personagens de outras raças ou orientações sexuais tem sido exceção à regra, e personagens mulheres são criadas pelas lentes do que os criadores e consumidores homens querem que sejam.

Sua crítica se deve ao fato, como em outros ramos profissionais e artísticos dominados por homens, de que o machismo vem embutido no produto final das criações artísticas masculinas. Mesmo com a fusão da cultura popular com a cultura geek, mesmo com mulheres não representando mais um número minoritário dentro do mundo geek – aliás, nosso dinheiro vale tanto quanto o de qualquer homem – a indústria ainda não nos reconhece como consumidoras, tendo como público alvo somente os homens.

Assim, vemos personagens femininas hipersexualizadas. Seria ridículo, por exemplo, ver o super-homem nesses trajes (abaixo), mas consideramos completamente normal que super-heroínas saiam combatendo o mal pelo mundo praticamente nuas. 

Recentemente, a DC havia divulgado uma série de capas da história da Mulher Maravilha usando calças. Sim, calças, como todos os homens usam, que parece ser algo bem mais confortável e apropriado pra combater vilões pela cidade. As críticas que seguiram foram absolutamente ridículas e machistas ao ponto da DC voltar atrás e despir a Mulher Maravilha novamente.

Super-heróis servem como exemplo de masculinidade, para que homens se espelhem neles. Super-heroinas servem para serem fetichizadas por esses mesmos homens. Esse parece ser o único propósito desse tipo de uniforme e das posições que as personagens femininas são colocadas, sempre dando destaque ao decote, bunda, nas posições mais estranhas dentro do contexto de uma luta (uma mulher com a bunda empinada dando um soco, por exemplo).

Por isso a iniciativa da Lauren Panepinto foi fantástica. Ela chamou ilustradoras a retratarem como queriam que personagens mulheres fossem vistas nessas histórias. O resultado é fodástico, veja só:

Princess Peach (Super Mario Brothers) redesenhada por Kirbi Fagan “Quem precisa ser salva agora Mario?”

Polaris (X-Men) redesenhada por Alicia Vogel “Substituído o genérico e monocromático maiô por uma capa com uma silhueta descolada, acessórios de metal para seus poderes manipulativos e alguns acenos para os antigos costumes.”

 Samus (Metroid) redesenhada por Anna Fehr.

Scarlet Witch redesenhada por Belinda Morris “Como na história original da Scarlet Witch inclui ela ter crescido em uma família cigana,  eu queria que seu traje se reconectasse com isso -,  mas com um toque moderno”.

Storm (X-Men) redenhada por Alice Meichi Li “(Deusa da Natureza + Bruxa metereológica) x Punk – maiô casual”

E ainda tem a versão animada:

Betty Boop (criada por Max Fleischer) redesenhada por Christina Hess. “Betty Boop foi criada na década de 20. Eu a modernizei para o mundo empresarial de hoje.”

Morrigan (Dragon Age) redesenhada por Sam Guay. “Morrigan parece o tipo que é sexy para o seu próprio prazer, não o dos homens. Então eu a coloquei em algo um pouco mais confortável, mas mantive seu decote, que é sua assinatura. ‘Os homens estão sempre dispostos a acreditar duas coisas sobre uma mulher: um, que ela é fraca, e dois, que ela o acha atraente ‘-Morrigan “

 Chun Li (Street Fighter) redesenhada por Iole Marie Rabor. “Chun Li com suas pernas incríveis e chutes altos parece desconfortável lutando em um fio dental, então eu misturei calções de boxe junto com seu Cheongsam chinês. Obrigada, Bruce Lee, pelo cinturão!”

 Great Fairy (Zelda: Ocarina of Time) redesenhada por Carly Janine Mazur.

 Emma Frost (X-Men) redesenhada por Vlada Monakhova.

Phoenix (X-Men) redesenhada por Marisa Erven. “Eu estava animada para modificar sua roupa para algo diferente do típico traje ultra-apertado. Optei por algo refinado, digno e poderoso … com um toque medieval.”

Red Sonja redesenhada por Melissa Gay. “Voltei para suas raízes na ficção de 1930 de Robert E. Howard, puxando elementos persa e iranianos para sua roupa , armaduras e armas. Mas tive que dar um adeus para o biquini prata icônico”.

Fran (Final Fantasy 12) redesenhada por Ashley Hankins. “Eu acho que acoisa que mais me incomodou sobre Fran eram seus estiletes. Uma moça tão incondicional como Fran pode, pelo menos, ter uma bota que realmente sirva para proteger os dedos dos pés, uma vez que a perda de um dedo do pé em batalha é algo facilmente evitável!”

 Dizzy (Guilty Gear) redesenhada por by Priscilla Kim.

Drow Ranger (DotA2) redesenhada por Katy Grierson. “Porque não há sentido em ter uma armadura que não protege seus órgãos vitais”.

Gamora (Guardians of the Galaxy) redesenhada por Rebecca Flaum. “Gamora é pra ser uma lutadora de artes marciais, então a coloquei em roupas mais adequadas para tais empreendimentos”.

Lady Death (Chaos Comics) redesenhada por Heather Hudson. “A Suécia medieval é um local muito frio para um biquíni de latex”.

 Nariko (Heavenly Sword) redesenhada por Angela R. Sasser. “A determinação e atitude de Nakiro estava sendo escondida pela sua sexualização e pelo desenho não-prático de sua espada. Eu atualizei seu look para refletir sua guerreira interior”. Você pode ler mais sobre o processo do design aqui.

Pirotess (Record of Lodoss War) redesenhada por Elif Siebenpfeiffer. “Pirotess é uma lutadora e uma feiticeira poderosa – não vamos colocá-la num vestido sexy de enfermeira”.

Power Girl redesenhada por Tora Stark. “Como também sou uma mulher de proporções formidáveis, eu tenho que dar pra Power Girl um suporte (pros seios). Eu imagino que não há nada mais embaraçoso do que levar um soco na cara do seu próprio peito enquanto combate o crime”.

Seven of Nine redesenhada por Samantha Haney Press.

Star Sapphire (Green Lantern) redesenhada por Anne Garavaglia.

 Taarna the Tarakkian (Heavy Metal) redesenhada por Melissa Gay.

 Tayil N’Velex (Everquest2) redesenhada por Sarah Finnigan.

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