“Quiero hacerlo todo contigo, todo lo que pueda hacerse en una vida”
“eu quero fazer tudo com você, tudo o que pode ser feito em uma vida”
(tradução minha)
Antes de qualquer declaração de amor, manifestei em cor a minha presença na dela. Nosso percurso percorre as mesmas manifestações poéticas e de rua. Marchamos lado a lado contra o racismo, o machismo e a LGBTQI+fobia.
Pautamos a mesma pauta. Nossa vivência é feito manifesto. Conjugamos o verbo amor, depois da dor, em conjunção com a palavra revolução.
Duas mulheres negras em transmutação de corpos em ebulição. Duas pretas quebrando seus próprios paradigmas. Atravessando barreiras do amor monogâmico e colonial. Ressignificando os afetos, o tato e o (auto)cuidado. Resgatando as suas ancestrais para se valerem do amor preto.
A gramática da vida ensina que qualquer sintaxe de relações sociais em concordância, é preciso considerar as subordinações, a estrutura e o sistema.
Não é fácil ser uma preta, sapatão e pobre nesse Brasil branco, hétero e burguês. São muitas trincheiras erguidas para conquistar tudo o que nos foi negado – do teto ao afeto.
Retirar as máscaras brancas que revestem nossa maneira de sentir e viver o amor, requer o mesmo esforço para desconstruir o racismo estrutural. Mas nem todas as pessoas pretas conseguem juntar forças para levantar todas as bandeiras.
Por isso que o dia de hoje precisa ser lembrado, pautado e celebrado como uma data possível de que toda forma de amor vale a pena. E pode ser colorida com as 24 cores da caixa de lápis de cor.
dedico esse texto ao meu (auto)amor pintado de azul celeste celestial.
Referência bibliográfica:
MAROH, Julie. El azul es un color cálido. Madrid, España: compañia de publicidad: DIBBUKS, 2011, p. 91.