As preocupações com a aparência e o peso são frequentes na adolescência. Isso ocorre devido à pressão social e a idealização de um corpo perfeito baseado na cultura da magreza, gerando insatisfação com sua imagem corporal e o sentimento de inferioridade. Somando-se às mudanças corporais da adolescência mais a idealização social, podemos encontrar a baixa autoestima e a distorção da imagem corporal que irão reforçar a busca pelo corpo ideal e perfeito.
Quando chegamos a esse ponto, o desejo por emagrecer é maior que a fome e o cuidado com a saúde. Assim, o adolescente acaba se submetendo a métodos agressivos, como excesso de exercício físico, uso de laxantes, diuréticos e realizando jejuns cada vez mais longos. Surge, então, os chamados transtornos alimentares, que são mais frequentes no sexo feminino e se caracterizam pela mudança brusca na alimentação.
De acordo com o manual diagnóstico DSM-5, os transtornos alimentares são representados por desordens persistentes na alimentação, adotando assim métodos e formas de se alimentar que podem gerar prejuízos à saúde. Esses transtornos representam o terceiro maior transtorno mental crônico na adolescência.
Entre os principais transtornos alimentares estão a anorexia e a bulimia, ambos relacionados à ideação da magreza e uma busca incessante pelo corpo ideal e pavor de engordar.
Anorexia nervosa
Esse transtorno tem origens psicológicas, fisiológicas e ambientais. Quando se instala, atua de forma que o indivíduo não sente fome, pois atrapalha a ação dos hormônios ligados ao apetite. Seu início pode estar ligado a alguns fatores de risco como:
- Baixa autoestima;
- Perfeccionismo excessivo;
- Deficiência hormonal;
- Ideação social de beleza e a ditadura da magreza;
- Outros transtornos como ansiedade, obsessivo-compulsivo e depressão.
- Perdas de peso constante;
- Dietas excessivas;
- Falta de apetite;
- Restrição de diversos alimentos;
- Medo exagerado de engordar;
- Ausência de menstruação;
- Atividades físicas em excesso;
- Evitar comer na frente de outras pessoas;
- Fingir ter comido.
O transtorno leva a uma perda de peso extrema e perigosa, pois as baixas quantidades de nutrientes ingeridos afetam a imunidade, enfraquece os músculos e os ossos, podem causar arritmias cardíacas, convulsões e a interrupção do ciclo menstrual. De acordo com pesquisas,15% dos casos levam à morte.
Bulimia ou bulimia nervosa
Esse transtorno, assim como a anorexia, tem origens psicológicas, fisiológicas e ambientais, sendo caracterizado pela compulsão alimentar e em seguida por comportamentos para pôr a comida para fora, sendo o mais comum o vômito, mas também pode ser caracterizado pelo uso excessivo de laxantes, diuréticos, prática descontrolada de exercício físico ou jejum. Aqui o indivíduo tem uma visão bem distorcida do seu corpo real e preocupa-se de forma exagerada com o peso. Nesse caso os pais podem observar:
- Inconstância no peso;
- Danos na boca, dentes e esôfago, devido ao vômito constante;
- Fica muito sensível aos comentários com relação ao corpo ou a comida;
- Insatisfação extrema com o corpo;
- Ao finalizar a refeição tende a se isolar pelo sentimento de culpa e para a prática de expulsão do alimento;
- Apresenta fadiga, dores musculares e alterações no sono;
- Dor de garganta frequente;
- Surgimento de úlceras;
- Azia constante e refluxo gástrico.
O transtorno causa diversos danos agressivos ao corpo devido aos vômitos, ao uso excessivo de substâncias laxativas e também à falta de nutrientes.
O tratamento dos transtornos alimentares é geralmente realizado por uma equipe profissional, envolvendo psicólogo para acompanhamento psicológico, nutricionista para reeducação alimentar e psiquiatra para tratamento medicamentoso. Importante ressaltar que para que o tratamento tenha bons resultados é imprescindível a combinação desses profissionais. No caso da psicoterapia o paciente tem um acompanhamento e cuidados contínuos, o que evita a recaída.