Com cerca de 1,6 milhões de nikkeis – descendentes de japoneses não nascidos no Japão –, o Brasil abriga a maior população de origem japônica fora do arquipélago asiático. Desde a chegada dos primeiros imigrantes japoneses em 1908, a cultura nipônica tem exercido grande influência na brasileira, e é possível observar este efeito nas mais diversas linguagens artísticas. Não é à toa que a programação do final de ano da Rede de Museus-Casas Literários da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, gerenciada pela Poiesis, vai homenagear esta mistura tão rica de culturas.

A partir de um corte sincrônico feito na história da literatura brasileira e mundial, a série de saraus Diálogos sincrônicos da Casa das Rosas busca evidenciar o diálogo entre gerações, trazendo leituras de movimentos e grupos já inseridos na tradição literária e abrindo o microfone para a multiplicidade poética da atualidade. Nesta edição, que acontece no sábado, 30/11, Michela Brigida traz o Grêmio Haicai Ipê. Criado em 1987, o Grêmio dedica-se ao estudo, à produção e à divulgação dessa forma poética que, oriunda do modelo clássico japonês haiku, foi incorporada por poetas contemporâneos como Afrânio Peixoto, Guilherme de Almeida e Paulo Leminski, entre outros. Das 19h às 21h.

De 4 a 6 de dezembro (quarta a sexta-feira), das 19h às 21h, Rodrigo Bravo traz Haicai, jogo e contenda para a Casa Guilherme de Almeida. Nesta oficina, inicialmente serão confrontadas diversas traduções existentes para os mesmos haicais japoneses, buscando-se demonstrar as diferentes soluções tradutórias – por vezes, contrastantes. Em seguida, será revivida a origem do haicai como jogo coletivo, propondo aos participantes que se chegue à prática individual de composição do poema.

No sábado, 14/12, a Casa Guilherme de Almeida recebe o Teatro Nô japonês com o Grupo Yoroboshi Za a partir das 18h. No encerramento do ciclo Canto Paralelo das Línguas, que discute o trabalho tradutório de Haroldo de Campos, apresenta-se a peça Hagoromo, de Motokiyo Zeami, traduzida por Haroldo como O Manto de Plumas. Este clássico do repertório Nô torna concreto o encontro do sagrado com o mundano. Com direção geral e coro de Jun Ogasawara, flauta de Hirono Makoto, tambor de ombro por Angélica Figuera e tambor de quadril por Renata Asato. Ângela Nagai interpreta o anjo da lua e Kenjiro Ikoma, o pescador.

SERVIÇO

Casa das Rosas | Av. Paulista, 37

Diálogos sincrônicos – Grêmio Haicai Ipê

30/11 – Sábado – das 19h às 21h

Casa Guilherme de Almeida | Museu: R. Macapá, 187; Anexo: R. Cardoso de Almeida, 1943

Haicai, jogo e contenda

De 4 a 6/12 – Quarta a sexta-feira – das 19h às 21h

Hagoromo – O manto de plumas, de Motokiyo Zeami

14/12 – Sábado – às 18h

SOBRE A CASA DAS ROSAS

A Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos é um museu dedicado à poesia, à literatura, à cultura e à preservação do acervo bibliográfico do poeta paulistano Haroldo de Campos, um dos criadores do movimento da poesia concreta na década de 1950. Localizada em uma das avenidas mais importantes da cidade de São Paulo, a Avenida Paulista, o espaço realiza intensa programação de atividades gratuitas, como oficinas de criação e crítica literárias, palestras, ciclos de debates, exposições, apresentações literárias e musicais, saraus, lançamentos de livros, performances e apresentações teatrais. O museu está instalado em um imponente casarão, construído em 1935 pelo escritório Ramos de Azevedo, que na época já tinha projetado e executado importantes edifícios na cidade, como a Pinacoteca do Estado, o Teatro Municipal e o Mercado Público de São Paulo.

SOBRE A CASA GUILHERME DE ALMEIDA

Inaugurada em 1979, a Casa Guilherme de Almeida, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, gerenciada pela Poiesis, está instalada na residência onde viveu o poeta, tradutor, jornalista e advogado paulista Guilherme de Almeida (1890-1969), um dos mentores do movimento modernista brasileiro. Seu acervo é constituído por uma significativa coleção de obras, gravuras, desenhos, esculturas, pinturas, em grande parte oferecidas ao poeta pelos principais artistas do modernismo brasileiro, como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti, Lasar Segall e Victor Brecheret. Hoje, o museu oferece uma série de atividades gratuitas relacionadas a todas as áreas de atuação de Guilherme de Almeida, da literatura traduzida ao cinema, passando pelo jornalismo e pelo teatro. Trata-se da primeira instituição não acadêmica a manter um Centro de Estudos de Tradução Literária no país.

SOBRE A POIESIS

A Poiesis – Organização Social de Cultura é uma organização social que desenvolve e gere programas e projetos, além de pesquisas e espaços culturais, museológicos e educacionais, voltados para a formação complementar de estudantes e do público em geral. A instituição trabalha com o propósito de propiciar espaços de acesso democrático ao conhecimento, de estímulo à criação artística e intelectual e de difusão da língua e da literatura.

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