Eu já tinha ouvido falar na série “Grace and Frankie” antes de estrear e, desde então, fiquei animada. Primeiro, porque traz a incrível, deslumbrante, maravilhosa Jane Fonda, que eu absolutamente amo (deu pra perceber?). Segundo, porque uma primeira olhada no enredo também me cativou, mesmo sem saber dos detalhes. Quando a Netflix disponibilizou o teaser da série (que pode ser visto no final deste texto), me animei mais ainda. Parecia ser divertida, engraçada e bem produzida — e a Netflix não tem falhado em produzir ótimas séries, como se pode ver por “House of Cards” e “Orange is The New Black”.

Então, quando a série estreou dia 8 deste mês, eu tinha grandes expectativas. Ainda assim, a série superou todas elas.

 

Mas, vamos por partes.

 

Grace (Jane Fonda) é uma mulher séria, fina, nem um pouco sentimental, que anda com um visual impecável. O exato oposto de Frankie (Lily Tomlin), que é mais escandalosa, hippie — ao ponto de dar o nome de seu filho de Coyote —, vegetariana e espiritual. As duas terminantemente se odeiam.

   

Quando são convidadas para um jantar, com seus respectivos esposos, são surpreendidas com a notícia de que seus maridos, Sol e Robert (Sam Waterston e Martin Sheen, respectivamente), sócios em um escritório de advocacia, além de serem gays, vão se casar… um com o outro. E o caso dos dois dura já 20 anos.

 (Sol, Frankie, Grace e Robert da esquerda para direita) Se pode imaginar que, dada a situação, a série pode desenvolver diversas questões. Por parte das esposas, o choque que é descobrir que estavam sendo traídas por todo esse tempo e a dificuldade de seguir em frente . Para os recém-noivos, a libertação que é passar tanto tempo escondendo uma paixão e as dificuldades de serem um casal gay naquela idade. E também tem os filhos que não sabem exatamente o que pensar da situação toda… se compadecem pelo sofrimento que as mães estão passando, ao mesmo tempo que não conseguem repreender os pais por serem gays.

A série conta com momentos muito divertidos e engraçados, mas também com momentos de reflexão e mais sentimentais. O desenvolvimento da série se dá nessa contraposição entre “o lado das mulheres” e “o lado dos ex-maridos”, o que poderia ficar cansativo, mas dá certo. Os escritores (Marta Kauffman, de “Friends”, e Howard J. Morris, de “According to Jim” e “Home Improvement”) foram extremamente bem sucedidos no desenvolvimento dos personagens, com todos os seus dilemas e angústias.

O elenco todo é muito bom, mas merece destaque a dupla Jane Fonda e Lily Tomlin. Elas roubam a cena, e a dinâmica entre as duas é sensacional. Não poderia ser por menos, são atrizes espetaculares.

    

Por parte da dupla dos homens, eu tinha certa dúvida. Apesar de adorar o Sam Waterson desde “Law and Order” e “The Newsroom”, não tinha certeza de que Martin Sheen se sairia bem nesse papel, provavelmente, porque tenho ainda em mente Sheen em “The West Wing”. Mas me convenceram bem. A série foi particularmente bem sensível e honesta em retratar a relação dos dois e como é difícil e libertador sair do armário depois de tanto tempo.

     

O elenco conta ainda com os filhos dos casais. Grace e Robert têm duas filhas, Brianna e Mallory (June Diane Raphael e Brooklyn Decker, respectivamente). Brianna é uma filha que puxou a mãe, decidida, bem sucedida e aparentemente insensível, que não quer se envolver com ninguém afetivamente — segundo ela o problema dos homens é que eles abrem a boca, então adota um cachorro. Mallory, por sua vez, é casada com um médico, tem duas filhas e leva uma vida pacata. Frankie e Sol adotaram seus filhos. Coyote (Ethan Embry) é viciado em drogas, mas está em recuperação, e Nwabudike, também chamado de “Bud” (Baron Vaughn), é advogado e trabalha no escritório do pai. Os filhos têm suas histórias secundárias ao enredo principal da série, mas devo admitir que nessa parte a série não se saiu tão bem. Não existe muito tempo dedicado ao desenvolvimento desses personagens. Ainda assim, eles têm uma dinâmica divertida também entre eles e conseguem trazer o tom certo de comédia (achei Brianna especialmente muito engraçada).

 (Coyote e Mallory) (Brianna e Bud)

Mas… o que essa série tem de feminista?

É a própria história de Grace e Frankie. São mulheres nos seus 70 anos — e, nossa, como é difícil ver séries que trazem histórias de mulheres mais velhas — que estão recomeçando sua vida. E é uma jornada cativante, bem-humorada e empoderadora. É bonito ver que, apesar de ter caído o chão sob seus pés,  elas percebem que têm uma a outra.

   

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