Se fosse hoje, certamente, seria via twitter que Guimarães Rosa escreveria seu grande sertão vereda (risos).
O Riobaldo continuaria se queixando da sociedade, do fanatismo e da vida.
Por essas bandas de cá, a placa “Diadorim é minha neblina” permaneceria estendida.
E se for numa cidadezinha, onde o conservadorismo faz morada, ela só seria vista se subisse a pedra.
Se fossemos comparar o desejo, hoje, com o do tempo do livro, diria que permanece o mesmo: vivo!
E acho que é o mais sublime da obra, e da vida como um todo.
Desejar é bom! Esse frisson na barriga dá a sensação de liberdade.
E que bom que o desejo nunca se limita às caixinhas dos padrões.
Ele é danado! Parece que escorre, que atravessa paredes… chega no pensamento e vai até o coração.
Ele nem precisa verbalizar, ser dito. Você o percebe pela energia que paira quando os desejos se cruzam no mesmo espaço, ou com o olhar penetrante de admiração.
No entanto, esse desejo que surge rebelde e inocente não se pode materializar. E a culpa não é do desejo, muito menos de Riobaldo e Diadorim.
A culpa é do ser-tão-árido que vivemos, onde não é possível florescer amores violetas.
À (“minha”) Diadorim, eu digo: você é a minha neblina!