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Deixa eu adivinhar: você se sente uma farsa, duvida merecer o que conquistou até aqui, afinal, o mais provável é que suas realizações tenham sido fruto de pura e simples sorte, e seu dom (ou esforço) para enganação coloca qualquer um no chinelo. Acertei? Caso sua resposta seja sim, sinto lhe informar que há grandes chances de você sofrer de algo conhecido como síndrome do impostor.

Já adianto que você não está sozinha. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Salzburg, na Áustria, constatou que cerca de 70% das pessoas já experienciaram essa sensação em algum momento de suas vidas. Dentre elas podemos citar Maya Angelou e Michelle Obama, por exemplo. Ambas falaram abertamente sobre se sentirem impostoras de seus êxitos, evidenciando que não importa o quão bem-sucedido você é, você não está imune.

As primeiras pessoas a falarem sobre o tema foram as psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes, lá no final dos anos 70. Apesar de ser conhecida popularmente como síndrome, a nomenclatura dada pelas doutoras foi de “fenômeno do impostor” por não se tratar de uma doença. Segundo elas, o então fenômeno constitui-se na experiência individual gerada por uma inferioridade ilusória, uma insegurança, subestimação e desconfiança em relação a própria capacidade, que leva a pessoa a se perceber como uma fraude. A psicóloga britânica Rachel Buchan se refere a ele como uma crença interior sobre não ser bom o bastante ou pertencente.

É difícil saber com certeza a causa, pois o fenômeno pode se manifestar por diferentes razões em cada indivíduo. Os motivos mais recorrentes, entretanto, são altos níveis de cobrança na família (principalmente na infância) e pressão social. Todavia, é necessário ressaltar que, por mais que a síndrome do impostor possa afetar qualquer pessoa, grupos minoritários são os mais suscetíveis a sofrerem com ela devido a própria exclusão e inferioridade que a sociedade os submete.

Não é à toa que vemos mais mulheres duvidando de si mesmas do que homens, afinal, desde pequenas elas são expostas a uma narrativa social que tende a menosprezar seu potencial. Sendo assim, se você costuma se autossabotar, seja não terminando seus projetos, procrastinando, buscando ser excessivamente discreto para não chamar atenção, ou até trabalhando exageradamente, perseguindo o perfeccionismo, vale investigar a fundo o porquê, pois é possível que você esteja experienciando o fenômeno do impostor.

 

Como driblar a síndrome?

 

Agora que você já sabe o que é a síndrome do impostor e suas possíveis causas, segue abaixo algumas dicas que acredito serem eficazes para driblá-la e chutá-la para bem longe:

1. Fale a respeito com alguém de confiança

Conversar com um amigo ou amiga, por exemplo, pode te ajudar a enxergar que você não é o único a passar por isso. Desta forma, é mais fácil se conscientizar da existência e dos efeitos da síndrome em você e realizar uma checagem mais realista da situação ao invés de se apoiar nas crenças ilusórias sustentadas pelo fenômeno.

2. Diga não à comparação

Principalmente em tempos de redes sociais, tendemos a comparar nosso backstage com os highlights da vida dos outros, obtendo uma visão distorcida da realidade. Sendo assim, busque não se comparar com os outros e foque na sua própria jornada, respeitando o seu tempo, suas condições e sua história. Essa atitude pode minimizar a sensação de inferioridade e aumentar a sua motivação e autoconfiança.

3. Identifique e reconheça suas qualidades, forças e conquistas

Pegue uma folha de papel e faça este exercício: anote quais são as coisas que você faz de melhor, do que mais se orgulha em você, quais foram os esforços já feitos pelos seus objetivos, os aprendizados coletados, e o que já realizou na sua vida com tudo isso. Visualizar de forma prática todos esses fatores pode tornar mais fácil reconhecê-los e acolhê-los como seus e frutos de quem você é, das suas atitudes, habilidades e persistência, e não de alguma enganação ou sorte divina.

4. Procure um mentor

Caso a síndrome do impostor esteja te afetando no trabalho, pode ser uma boa alternativa buscar um mentor. Trabalhar de perto com alguém com experiência e que você admira pode fazer o processo de reconhecimento das suas conquistas (grandiosas e diárias) mais fácil. Além disso, o mentor também auxilia a identificação das suas fraquezas sem um olhar de desvalorização, mas sim de aprimoramento.

5. Faça terapia

Se o seu caso for mais intenso e delicado, procure um psicólogo. Se consultar com um especialista pode ser transformador, afinal, ele saberá melhor que ninguém quais recursos utilizar no seu caso particular e por quais passos te guiar para te libertar do clube dos falsos impostores.

6. Não tenha medo de fracassar

Sejamos sinceros: a única forma de aprender é errando. Logo, não tenha medo de fracassar, pois isso pouco tem a ver com você ser um impostor, mas com o fato de que você é humano. O erro é natural e faz parte da trajetória de todo mundo. Não deixe isso te paralisar. Se permita arriscar, pois é no campo de batalha que o desenvolvimento acontece e aonde você encontrará o verdadeiro sucesso (o qual normalmente vem precedido de muitas tentativas e erros, e está tudo bem ser assim).

Espero que as dicas sejam úteis para que você cada vez menos duvide de si mesmo e cada vez mais confie e reconheça cada um dos seus talentos, passos e realizações.

 

Marina Acosta. Redatora e produtora de conteúdo por formação e paixão. Paulistana em todos os sentidos da palavra, leva sua trajetória profissional com dinamismo e a criatividade para fazer o que mais ama: conectar pessoas a (boas) ideias.
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