Que a adolescência é um período de muitas mudanças vocês já sabem, mas sabem qual a importância de uma boa autoestima quando falamos de adolescentes?

Bem, primeiro vamos começar dizendo que autoestima é a junção de vários julgamentos que o indivíduo faz de si mesmo, e estes são associados a várias emoções e sentimentos. Podemos dizer, ainda, que a autoestima, muitas vezes, transita entre o “eu real”, quem o jovem é de verdade, e o “eu ideal”, quem ele acredita que deveria ser. Quem nunca ouviu o filho adolescente falando que gostaria de ser como outra pessoa ou demonstrou insatisfação consigo mesmo?

Bem, podemos dizer que as crenças que o jovem e sua família tem acerca de quem ele é podem fazer com que o adolescente olhe para outras pessoas e pense que gostaria, ou que deveria, ser igual ou semelhante aos seus pares . A ideia de que existe uma grande diferença entre ele e os demais da mesma idade se cria durante todo o seu desenvolvimento. Sendo assim, a autoestima também se edifica durante todo o crescimento, então não posso deixar de falar um pouco da infância.

Vamos começar pelos mais novos. Crianças até os 3 anos dificilmente vão conseguir ter uma imagem concreta de si mesmo, se guiando, assim, pelo que os pais falam. A criança tem facilidade em perceber certos comportamentos. Assim, conforme vai crescendo, observa que seus comportamentos são constantemente cercados por olhares avaliativos, que pontuam seu sucesso e fracasso. Trata-se de um momento importante, pois esses julgamentos irão interferir de forma significativa na ideia que a criança tem de si mesma.

Podemos afirmar, por isso, que a forma que os pais lidam com a criança irá influenciar diretamente na autoestima durante o seu desenvolvimento. Pais que, por exemplo, tendem a ser mais carinhosos, empáticos, que criam expectativas razoáveis e possíveis em relação ao filho, na maioria das vezes, passam uma imagem de competência e capacidade, auxiliando, assim, uma auto avaliação mais positiva. Já os pais que tendem a ser mais rígidos e autoritários, costumam gerar na criança um sentimento de insuficiência e inadequação, pois estão sempre exigindo demais, usando de comparações constantes entre o filho e os outros. Tais expectativas são muito altas, fugindo do atingível, gerando assim, uma auto avaliação negativa.

Agora que entendemos como a autoestima começa a se formar na infância e a influência dos pais nesse processo, podemos falar sobre como ocorre a atuação na adolescência. A fase é marcada por diversas mudanças corporais e mentais, exigindo do jovem condições psicológicas para conseguir atravessá-la da forma mais tranquila possível. Essa tranquilidade é dosada pelas inseguranças comuns da idade, ou seja, quando eles deixam de ser crianças, e entram na adolescência, surge um sentimento de inadequação, pois não sabem onde se enquadram: não são crianças, mas também não são adultos. Nesse período os hormônios estão a mil, além disso, as mudanças no meio social são muitas, agora o maior desejo é se adequar ao entorno e ser aceito pelo grupo, e surgem também os interesses amorosos. Sendo assim, é natural que nessa fase sejam um pouco inseguros, que se preocupem com a aparência e o modo de agir. Devemos observar, entretanto, qual o nível dessa insegurança, pois esta não pode limitar as vivências e as experiências do adolescente a ponto de não querer fazer as coisas normais da idade por não se sentir adequado ou aceito pelo meio social.

Os pais devem estar, então, atentos aos sinais de que o filho não está bem. É muito importante nesse momento, além disso, que abandonem os pré-julgamentos de que “é frescura”, “drama” ou “besteira de adolescente”, pois nessa idade, ter uma autoestima muito baixa pode ser extremamente perigoso. O jovem muitas vezes é impulsivo, e não se sentir aceito ou adequado pode levar a quadros depressivos, até mesmo tentativas de suicídio.

Por isso, vou listar aqui as características de cada um dos quadros:

• Os adolescentes que possuem uma autoestima alta geralmente se comportam de maneira mais confiante: buscam aprender coisas novas; são otimistas com relação ao futuro; têm facilidade de olhar os problemas de diversos pontos; têm um maior conhecimento sobre si mesmo reconhecendo seus pontos fortes e fracos; têm uma facilidade em demonstrar empatia e demonstram uma inteligência emocional.

• Os adolescentes que possuem uma autoestima baixa tendem a manifestar sentimentos de inferioridade, não se sentem respeitados; sentem muito medo de fracassar – podendo atuar, muitas vezes, de forma paralisante; podem apresentar falta de responsabilidade e disciplina frequentemente; estão mais sujeitos a cometer atos considerados ruins ou até mesmo ilegais para tentar se encaixar no grupo; tem dificuldade em assumir responsabilidade pelos seus atos, muitas vezes culpando os outros e adquirindo posturas mais desafiadoras, até mesmo agressivas.

Em consultório, é cada vez mais comum casos de adolescentes depressivos e ansiosos, sendo a ideação suicida uma saída desse sofrimento. Então, entenda que ser aceito nessa fase é um fator fundamental para o jovem. Por isso, seja um encorajador do seu filho: não duvide de sua capacidade, antes, mostre que enxerga isto nele, não o compare com outras pessoas, não use críticas duras, reforce o diálogo e o respeito, não jogue suas expectativas sobre ele. Quando o adolescente sente que é respeitado, tende a respeitar mais seus pais. A adolescência pode ser muito conflituosa, e nesse momento um psicólogo pode ajudar.

Editado por Bruna Rangel e revisado por Júlia Zacour.

Luiza Graziela Santos Dias. Psicóloga infantojuvenil CRP 08/24954, 26 anos atuo exclusivamente com crianças, eadolescentes e orientação de pais. Colunista do Jornal Noroeste do Paraná. Cursando pós graduação em intervenção e prevenção de suicídio; Síndrome da alienação parental e psicodiagnóstico e psicopatologia infantil. Gerencio o perfil @psicologaluizagraziela onde posto diariamente diversas temas com intuito de auxiliar os pais em uma criação mais consciente.
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