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Mais um dia de lucidez.
Não sei bem como conviver com isso…
Bons tempos quando eu não sabia se teria pés proporcionais ao corpo e isso era o que me preocupava. Agora tenho sapatos que me cabem, mas não tenho porque usá-los, pois não tenho para onde ir.
Agora os lugares são ilhas e para chegar até elas não é preciso ter coragem, mas é necessária a insanidade daqueles que consideram não ter mais nada a perder.
Olho a TV e vejo vários desse tipo, pobres coitados, anestesiados pela angústia ou acelerados pela normalidade dos dias que nos enganam com a promessa de que o esforço da aniquilação do prazer de viver a vida, de verdade, vai nos trazer recompensas que sequer conseguimos imaginar possíveis.
Mas, talvez eu fosse uma dessas pessoas, coitadas, imersas no trabalho. Isso há alguns anos, preenchendo a vida com tarefas e a deixando sem espaço para respirar. Isso há alguns meses, quando, mesmo dando espaço ao lazer, o trabalho reprimia quase toda vontade, anestesiava a potência e me fazia crer que deveria subjugar minha alma a ele.
Como superar essa normalidade? Como sobreviver a ela sem, contudo, deixar de lado a própria vida?
O insulto da normalidade não é parar de lavar as mãos a cada instante ou ir para a rua como se nada mais importasse, mas é viver como se pudéssemos zerar tudo, esquecer daqueles que mais sofrem durante esse período…
Mas parece que a pandemia nem acabou e já voltamos a esse estado de transe.
Sábias palavras! Quem conseguir atravessar a pandemia fazendo as reflexões e mudanças necessárias, conseguirá transitar com lucidez as intempéries da vida….porque elas não param, mas nós devemos parar para compreender quem somos, o que buscamos e como pretendemos viver daqui pra frente.
Fico pensando quantas reflexoes nos trouxeram esse periodo de pandemia. Para além das nossas das nossas angustias de como será o amanhã. Tem servido para pensarmos sobre a vida, sobre diminuir o ritmo, se cuidar, como aproveitar melhor nosso tempo.