É difícil comer um queijo inteiro, mas quem vai recusar um quadradinho de queijo gouda harmonizado com um delicioso vinho?

 

Tomo mais um gole de café, coloco a xícara do lado esquerdo do computador. Esfrego os olhos com as mãos e respiro fundo. Olho para a tela por alguns minutos. Nada vem a mente. Estralo os dedos. Olho a formiguinha levar um farelo de biscoito do prato que acabei de comer.

Estou a postos, pronta, apenas a espera de uma luz, de um milagre, ou da divindade mais conhecida como: inspiração. O ambiente silencioso propicia a sua vinda. Mas nada dessa danada dar o ar da graça por aqui.

Pé direito, pé esquerdo e assim vai. É, parece fácil, mas dar o primeiro passo nem sempre é tão simples assim. E as coisas complicam quando você cria a expectativa de ganhar um pulitzer com o seu próximo texto e rir disso tudo brindando um champanhe caríssimo em Paris.

Parece que nunca estamos prontos para fazer absolutamente nada na vida. Seja para criar esse texto aqui que você está lendo, para enviar o seu portfólio para conseguir novos clientes ou começar aquele projeto que está engavetado há anos. Estamos sempre esperando as condições de temperatura e pressão ideais para começar: “depois que eu me mudar”, “quando eu emagrecer”, “no meu novo emprego eu faço”. Eu conto ou você conta?

E é assim que vamos adiando o início de nossos sonhos e de algo que pode ser transformador pelo simples medo de não se sentir pronto(a), de não se achar bom o suficiente e por não ter toda a estrutura que se julga necessária para começar. O pior é que essa insegurança, muitas vezes, está mais dentro da nossa cabeça que qualquer outra coisa.

Claro que queremos tudo perfeito com ascendente e lua em virgem, mas essa perfeição pode nos travar a ponto de nem começar, deixando assim, de pelo menos tentar, tirar as coisas do papel do jeito que dá e com o que se tem. Afinal, é como diz o ditado “o ótimo é inimigo do bom”.

Mas parece que as coisas travam ainda mais quando você já foi elogiado em algum trabalho lá atrás. Agora você tem que se superar a cada entrega, afinal, você deu conta de fazer algo surpreendente, então, você terá de barrar seu “eu” do passado.

E na próxima vez que se perguntar “por onde começar?” comece convidando sua expectativa para descer do salto. Bom, você já tem a faca e o queijo na mão. A grande treta da história é que a gente acha que precisa engolir a peça inteira de queijo de uma só vez que nem uma jararaca faminta por 2 semanas rastejando por essa oportunidade. Até abrimos o zíper da calça pra ficar mais confortável. Quem nunca?

Nosso cérebro quer deglutir, sem mastigar, o queijo, a goiabada (e a faca também). Não preciso nem dizer que isso não é saudável, e além do mais, que essa prática não funciona para resolver a situação. Mas justamente aí que está o “x” da questão: você precisa encarar um problema, uma página em branco ou um novo projeto como se estivesse encarando um queijo peça inteira.

Papel e caneta na mão? Pegue o queijo parmesão de 3 kgs. Corte ao meio, depois pegue uma das partes, corte novamente, e assim sucessivamente até que você tenha pedaços menores, melhores para engolir e mais fáceis para saborear. Fazendo isso, transformamos os grandes desafios da vida em pequenos aperitivos.

Vamos acalmar vossos corações? Comece a cortar seus desafios em pedaços menores e você vai ver que a partir daí, tudo vai parecer mais fácil e realizável. E aí sim, você vai adentrar no fascinante mundo e delicioso mundo das pequenas tarefas concluídas.

Bom apetite!