Conceição Evaristo é uma escritora, linguista e pesquisadora-docente mineira, sendo um dos principais expoentes do movimento pós-moderno no Brasil. Criada na favela do Pindura Saia, uma comunidade que existiu até os anos 1970, cresceu em uma família humilde e numerosa. Enquanto estudava, trabalhou como empregada doméstica e, em 1973, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou em um concurso público para o magistério. Também foi professora da rede municipal de Niterói.

Formou-se em Letras pela UFRJ, e entrou para o coletivo Quilombhoje, grupo que incentivou sua escrita. Em 1990 publicou Cadernos Negros, organizado pelo coletivo. Formou-se Mestre em literatura brasileira pela PUC-Rio e Doutora em Literatura Comparada pela UFF, tornando-se docente universitária também. Sua obra foi publicada nos Estados Unidos em 2007.

 

 

Olhos d’Água é um livro de contos publicado em 2016 pela Pallas Editora e tem como foco a população negra do Brasil que convive, diariamente, com a violência urbana, a pobreza e conflitos de identidade.

São quinze contos com mulheres protagonistas diversas entre si, embora semelhantes. A figura materna é muito forte na obra de Conceição, observada por uma lente mais visceral da maternidade e menos romantizada. A mulher é destrinchada enquanto ser completo e complexo, desde seus conflitos morais à sua sexualidade.

É um livro de vulnerabilidade. De personagens que existem, resistem, persistem, em dilemas sociais dentro de um sistema desigual, racista e violento. São personagens não idealizados que, em poucos parágrafos, trazem um retrato plural do Brasil.

Além de toda a representatividade intrínseca a um livro de uma autora mulher, negra, cria da favela, Olhos d’Água ilumina o fato que a população negra é diversa, e vai muito além do que um grupo generalizado de pessoas. A autora se aprofunda nos anseios, sonhos, objetivos, defeitos e qualidades de cada personagem, de forma a criar protagonistas únicos. Olhos d’Água humaniza a pauta racial e devolve a individualidade que foi roubada da população negra.

O conto que dá nome ao livro, Olhos d’Água, é um dos mais biográficos, pessoais e sentimentais da antologia, e foi o meu favorito. Mas destaco Ana Davenga, Quantos filhos Natalina teve?, e Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos como algumas das melhores histórias que já li.

 

 

 

 

Olhos D’Agua

 

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