Violências Invisíveis

No Brasil, a população feminina ultrapassou 103 milhões de mulheres em 2014. Uma em cada cinco, considera já ter sofrido alguma vez “algum tipo de violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido” (Fundação Perseu Abramo, 2010). Três anos após a Primavera Feminista, a aceitação social da violência de gênero é cada vez mais preocupante.  Depois de tantas mobilizações femininas, notícias de mulheres que não voltam para casa por dias e as encontram assassinadas continuam a aparecer diariamente.

O feminicídio é a forma mais extrema de manifestação do machismo, mas não é o único sinal da violência do patriarcado.  Existem muitas formas de violências que “matam” mulheres diariamente. São violência invisíveis.

Diante desse cenário, a Não Me Kahlo firmou parceria com a Change.org, maior plataforma de abaixo-assinados do Brasil e do mundo, para a realização de workshops nas periferias de São Paulo. Os locais visitados foram o CIEJA em Campo Limpo (zona sul de SP), Novos Rumos da Quebrada em Vila Gomes (zona leste de SP) e Gol de Letra em Vila Albertina (zona norte de SP).

Os workshops foram ministrados pela Flávia Dias, da Não Me Kahlo, e representantes da Change.org. O objetivo era de identificar as principais violências sofridas pelas mulheres, orientá-las sobre as abordagens e consequências das violências invisíveis e explicar que petições online podem ser uma saída para os problemas cotidianos.

O resultado foram mobilizações pedindo mudanças em políticas públicas que podem beneficiar mulheres no Estado de São Paulo.

Uma das campanhas, com quase 40 mil assinaturas, cobra que o governador João Doria disponibilize assistentes sociais e psicólogos para dar suporte às vítimas de violência que procuram uma das 133 Delegacias de Defesa da Mulher no Estado.

Outro resultado do projeto foi o empoderamento de uma jovem universitária moradora do bairro Vila Albertina, na periferia da zona norte de São Paulo. Durante um dos exercícios do workshop, a estudante de Psicologia Larissa Santana, de 20 anos, tomou a iniciativa, em nome das mulheres de sua comunidade, de encarar um problema que afeta a vida dos moradores da região: a ausência de investimentos do governo em iluminação pública.

Larissa criou uma petição na Change.org pedindo a instalação de postes de iluminação em escadões das ruas Veloso da Fonseca e Luís de Oliveira Bulhões. O problema obriga os moradores a recorrerem à lanterna do celular para poder circular pelas escadarias. Com medo de assaltos e sentindo-se ainda mais vulneráveis à violência, muitas mulheres deixam de sair de casa à noite por causa da ausência de iluminação no logradouro. Motivada, a universitária reuniu 103 mil apoiadores em torno da causa e entregou as assinaturas à Câmara Municipal de São Paulo, como meio de pressionar o poder público.

Compartilhe...
Habilidades

Postado em

26 de junho de 2018