Maternidade não é fácil. Quem é mãe ou convive com algumas sabe que não é todo tempo que o sorriso da sua cria compensa, principalmente se você pertence a uma classe social menos favorecida. Quem vê os artistas tendo muitos filhos sempre pensam primeiramente em suas condições financeiras, afinal quem tem dinheiro, tem apoio, ou seja, lhe é oferecida uma série de ajuda que faz com que essa pessoa consiga se cuidar de alguma forma.

Todos sabemos, ou deveríamos saber, que a desigualdade social, juntamente com o machismo faz com que mulheres, principalmente mães não tenham seu lugar ao sol. Depois que se é mãe, tudo é mais difícil para nós. Se está desempregada não contratam porque, “o filho vai precisar da mãe”, se está solteira, “não serve para casar, porque vai ter de criar filho de outra pessoa”, se está grávida, logo na volta da licença é demitida, esses são alguns dos exemplos que nós, mães, sofremos nessa sociedade. Além disso, fatores socioeconômicos como não ter dinheiro para comprar fraldas, leite e muitas vezes não ter o apoio do progenitor, não ter estudo para conseguir um emprego porque tem de cuidar dos filhos, contribuem e muito para auto cobranças.

Toda essa falta, faz com que crie em nós uma culpa sem tamanho. Como costumo colocar em outros textos, a cultura da culpa está presente na vida de todos, principalmente de mulheres. Essa cultura prega que você deveria ser ou seguir modelos que a sociedade diz ser o certo. Por exemplo, se não segue os “padrões” de beleza sociais, você não é bonita, se é mulher e não namora ou é casada, não serve para ter um relacionamento, pois te classificam como tudo menos como uma pessoa com vontade própria, entre outros. Isso faz com que alimentemos em nós, mais uma vez, a auto cobrança, o querer ser aquilo que dizem para sermos. E quando não conseguimos, pois a maioria das vezes não estamos inseridas no mesmo espaço socioeconômico, nos deixamos tomar pela culpa, e isso nos adoece!

Mulheres que têm predisposição a transtornos mentais, começam a desenvolvê-lo principalmente após a maternidade. A depressão pós-parto atinge uma em cada quatro mulheres no Brasil, acompanhado da ansiedade e síndrome do pânico e como dito acima, fatores sociais e econômicos são os principais responsáveis por esse desencadeamento.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a média de casos de depressão pós-parto em países de baixa renda é de 19,8%. De acordo com o estudo da Fiocruz, no Brasil o índice de mulheres com sintomas é de 26,3%, índice maior do que o registrado também em países da Europa, além de Estados Unidos e Austrália.

Por isso, foram criadas campanhas de valorização à vida, o que ajuda e muito. No entanto, infelizmente, não são suficientes para acabar com o alto índice de mulheres que acabam recorrendo ao suicídio, muitas vezes por não terem condições de pagar um profissional da saúde mental e as medicações necessárias. Infelizmente, ainda é muito difícil conseguir atendimento gratuito em programas do governo como SUS, as filas para encaminhamentos são maiores que a pressa dessa mulher em se curar, e muitas delas não procuram porque sequer sabem que podem ter esse apoio, justamente por causa da sua rotina diária cansável.

Cuidar da saúde mental é fundamental, este deveria ser um hábito implantado desde criança em muitas famílias, principalmente as mais pobres, porém, infelizmente essa realidade está bem longe de acontecer.

Referência:
https://portal.fiocruz.br/noticia/depressao-pos-parto-acomete-
mais-de-25-das-maes-no-brasil
http://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/45805-governo-federal-lanca-
campanha-de-valorizacao-da-vida-e-de-combate-a-depressao

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