Há alguns anos os Estados Unidos e o Brasil vivem uma polarização política que faz os noticiários parecerem mais com uma série de ficção – ou de terror mesmo. Mas hoje, ao invés de vir falar aqui sobre o ódio e a divisão, viemos com um olhar mais otimista: queremos falar do trabalho duro de mulheres que trazem esperança e lutam por uma nova política.

 Na última semana, a americana Stacey Abrams foi nomeada ao Prêmio Nobel da Paz pelo seu trabalho no estado da Geórgia de registrar eleitores e conscientizá-los sobre a importância do voto. Sua atuação foi muito importante para garantir a vitória do partido democrata na presidência, elegendo Kamala Harris, primeira mulher vice-presidente no país, a conquistar duas cadeiras no senado e virar o estado de republicano para democrata. Vale ressaltar que o voto não é obrigatório nos EUA, por isso o trabalho de Abrams foi tão decisivo.

Abrams é uma das líderes de um movimento que começou na Geórgia há mais de quinze anos, de incentivo à participação eleitoral e reconstrução do partido democrata no estado. O que acreditamos ser mais fascinante nessa história é que em tempos de fake news e redes sociais, a tática usada foi “analógica”. Ela optou por ir de porta em porta falando com as pessoas, mas sem perguntar em quem elas iam votar, apenas conscientizando sobre a importância do voto.

Um eleitor americano contou sobre essa estratégia ao podcast “Daily”, do New York Times: “Eles batiam na minha porta duas, três, quatro vezes, e perguntavam: você já votou? Eu respondia que sim e eles perguntavam e os seus amigos?”, relatou ele.

 

Stacy Abrams

 

Esse não é um movimento de uma pessoa só, Além de Abrams, mulheres como Nse Ufot (New Georgia Project), Tamieka Atkins (ProGeorgia), Helen Butler (Georgia Coalition for the People’s Agenda), La Tosha Brown (Black Voters Matter Fund), Deborah Scott (Georgia Stand UP), Lauren Groh-Wargo (Fair Fight Action), Nikema Williams (deputada), Rebecca DeHart (Fair Count), Stephanie Cho (Asian Americans Advancing Justice in Atlanta), Tania Unzueta Carrasco (Mijente), Yterennickia “YT” Bell (Care in Action), Tory Gavito (Way to Win), Felicia Davis (ativista), Melanie Campell (ex-diretora do Southwest Georgia Project for Community Education) também fazem parte dessa história.

Depois de refletir sobre as eleições americanas, imediatamente pensamos: “e no Brasil?”. Logo vem à cabeça Marielle Franco e seu legado, mulheres como a deputada estadual e candidata à prefeitura do Rio em 2020 Renata Souza, a deputada estadual Monica Francisco, a vereadora Dani Monteiro e a deputada estadual Taliria Petrone. Sementes de Marielle sobre as quais falaremos mais um pouquinho adiante.

Renata Souza, Dani Monteiro, Talíria Petrone e Mônica Francisco

 

Em 2007, Marielle Franco iniciou sua trajetória na política, com o então deputado estadual do PSOL Marcelo Freixo – hoje deputado federal -, e chegou a coordenar a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde trabalhou junto com inúmeras organizações da sociedade civil. Em 2016, foi eleita vereadora do Rio de Janeiro, e lutou pelos direitos da mulher, da população LGBTQI+ e de moradores de favela. Marielle se tornou uma voz muito poderosa, que representava muitas demandas latentes da cidade do Rio.

Suas pautas eram urgentes, mas desagradava a muitos também.

Em 2018, no ano em que foi brutalmente assassinada – um crime até hoje não solucionado -, mulheres negras se levantaram na resistência e na política do diálogo e do respeito no Rio. Naquele ano, suas sementes foram candidatas e eleitas, percorrendo as ruas em uma campanha emocionante. Hoje, elas continuam espalhando essa mensagem de esperança, com mas sementes sendo eleitas e ocupando cargos públicos.

 

Para saber mais: sugestões de documentário e podcasts

 

Para conhecer essas trajetórias, recomendamos o documentário “Sementes” que acompanha as candidaturas dessas mulheres, as sementes de Marielle, a deputadas federal e estadual. Um filme lindo, que transborda esperança. Basta acompanhar as redes sociais da Embauba Filmes para saber quando e onde o filme estará disponível. Já sobre a vida de Marielle e o crime político que a matou, sugerimos o podcast “Arquivo aberto”, do jornal O Povo, disponível no Spotify.

Já para saber mais sobre as mulheres que estão transformando a política na Geórgia, nos EUA, recomendamos o episódio “The Georgia Runoffs, Part 1: ‘We Are Black Diamonds”, do podcast “The Daily – New York Times”, disponível, infelizmente, apenas em Inglês.

 

 

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