Ainda hoje grande parte da sociedade tem receio em falar sobre suicídio, o assunto ainda é visto como um tabu, porém, é muito importante ter conhecimento sobre o tema para que assim seja mais fácil ajudar aqueles que estão ao nosso redor. Quando pensamos nos adolescentes, o número de mortes por atos suicidas tem aumentado cada vez mais, sendo assim considerada a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, segundo a OMS – Organização mundial de saúde.

Como sempre falo por aqui, a adolescência é uma fase muito conflituosa, facilitando assim que o jovem tenha dificuldades em lidar com as mudanças e as frustrações. Os pais devem estar atentos para conseguir auxiliar esse adolescente, dando suporte emocional com uma escuta ativa, sem julgamentos, para que ele sinta que é compreendido e que não está sozinho.

O suicídio está ligado a um intenso sofrimento psíquico, percebido como insuportável pelo sujeito, nesse momento não nos cabe julgar, mas entender que está doendo tanto que a morte acaba sendo vista como a única saída. Importante destacar que o ato suicida não necessariamente está ligado ao desejo de morrer, mas sim ao desejo de fazer com que a dor e o sofrimento acabem.

O adolescente tende a ser muito imediatista, tendo dificuldades em esperar pelo futuro, em acreditar que as coisas podem mudar e que podem ser ajudados, essa necessidade do imediato auxilia na impulsividade do ato suicida. Mas não se engane em achar que o indivíduo por sua impulsividade chega ao ato sem antes dar algum sinal. Na grande maioria das vezes os sinais estavam evidentes, como um pedido de ajuda, mas na correria do dia a dia, os familiares não percebem ou, muitas vezes, acreditam que é só uma fase, frescura de adolescente, drama, que quer chamar atenção.

Esses prejulgamentos sobre a adolescência acabam impedindo que os pais percebam o que realmente se passa com o filho, deixando assim que ele não se sinta acolhido e compreendido. Mas não devemos culpar os pais, pois esse olhar vem de gerações e durante muito tempo a criança e o adolescente foram vistos como aqueles que não possuem preocupações. Entretanto, quando olhamos para nossa sociedade percebemos que tanto as crianças como os adolescentes e os adultos sofrem grande pressão para serem produtivos e obterem bons resultados, fazendo assim com que ninguém tenha tempo livre para conviver e se relacionar, limitando assim o olhar sobre o outro, limitando o diálogo afetivo para alívio do sofrimento. E, com isso, quero dizer que em qualquer idade existem preocupações e ninguém pode julgar o tamanho do sofrimento do outro, pois somos seres individuais e a forma de sentir sempre será diferente. O que parece pequeno para o adulto pode ter grande importância para o jovem.

É importante que os pais observem os comportamentos dos filhos, pois não existe uma única causa para o suicídio, pois ele é multifatorial, ou seja, é a junção de diversas vivências que se acumulam e resultam em um sofrimento intenso. Muitas vezes o jovem dá sinais de que algo não está bem, como:

  • Demonstra desesperança;
  • Começa a se isolar;
  • Fica mais irritado;
  • Apresenta mudanças no sono e na alimentação;
  • O rendimento escolar começa a cair;
  • Utiliza frase como: “quero dormir e nunca mais acordar”, “queria morrer” ou frases autodestrutivas que demostram uma desesperança na vida e na sua importância;
  • Começa a fazer uso de álcool e drogas;
  • Tem comportamentos perigosos como se não se importasse com a sua segurança.

 

Quando os pais percebem essas mudanças de comportamento é muito importante que busquem ajuda profissional de um psicólogo, que irá ajudar o jovem a elaborar esse sofrimento e dar novo significado à vida, e um psiquiatra que ajudará no tratamento medicamentoso.

 

Luiza Graziela Santos Dias. Psicóloga infantojuvenil CRP 08/24954, atuo exclusivamente com crianças, adolescentes e orientação de pais. Cursando pós graduação em intervenção e prevenção de suicídio; Síndrome da alienação parental e em psicodiagnóstico e psicopatologia da infância. Utilizo o instagram @psicologaluizagraziela como meio levar informações aos pais.
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