Quando comecei a namorar pela primeira vez, uma pessoa da minha família me disse o seguinte: não deixe o seu namorado muito perto das suas amigas. Desde nova, aprendi que mulheres eram rivais e que todas nós estávamos em busca da validação masculina. Com o tempo, o movimento feminista ganhou notoriedade no Brasil e fui conhecer a tão famosa palavra “sororidade”, que basicamente significa união feminina. E quando não contamos com o apoio de outras mulheres?

Tenho lido diversas histórias sobre feminicídio e agressão contra mulheres, e se tornou corriqueiro ver o quanto muitas ainda são incapazes de demonstrar empatia entre si. Um dos casos mais recentes foi sobre os ataques cometidos pelo DJ Ivis contra a sua ex-esposa Pamella.

DJ Ivis e Pâmela

Os vídeos da agressão foram divulgados e há uma combinação de situações que deixam qualquer um enojado. Entretanto, gostaria de destacar uma questão: o produtor ganhou mais de 250 mil seguidores no Instagram logo após a denúncia, muitos são mulheres. Enquanto isso, a ex-bbb e cantora Karol Conka viu seu perfil na mesma rede social perder mais de 500 mil fãs após as polêmicas declarações dadas durante o programa.

Esses comportamentos têm a ver com a forma como fomos — e ainda somos — criadas. Enquanto os homens aprendem desde cedo a acobertar uns aos outros e a ser parceiros, muitas meninas ainda são ensinadas a rivalizar entre si. Estimular essas atitudes pode fazer com que a criança se transforme em uma adulta insegura e oprimida pela ideia de que as mulheres são incapazes de serem gentis umas com as outras. Que tipo de laço essa menina pode criar no futuro?

A competitividade entre o sexo feminino sempre foi um deleite para o ego dos homens e muitas vezes até oportuna. Por isso, é importante estarmos atentas às cascas de banana que o machismo joga pelo chão enquanto a gente passa. O intuito é ver a gente cair.

Nós não somos invejosas, falsas ou rivais. Todas essas características foram impostas pela nossa sociedade patriarcal com o objetivo de nos desunir. Nós já sofremos muitas exigências. Nascemos para ser mães, as atividades do lar são de nossa responsabilidade, precisamos ser magras, pintar nossos cabelos, nos depilar, dentre outros tantos absurdos que ouvimos desde a infância. Estamos cansadas.

A solidariedade feminina é uma forma de avançarmos como comunidade, fazendo com que todas essas cobranças sejam substituídas pela oportunidade de sermos livres. Afinal, juntas somos mais fortes.

Cinthia Karina Fonseca. Jornalista e produtora de conteúdo. Cria da Baixada Fluminense e apaixonada pelo Rio de Janeiro. @cinthiakarina

 

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