A falta de acesso a protetores menstruais e o desconhecimento sobre o próprio corpo são limitantes na vida de meninas e mulheres no Brasil.

Uma pesquisa de 2018 da marca de absorventes Sempre Livre apontou que 22% das meninas de 12 a 14 anos no Brasil não têm acesso a produtos higiênicos adequados durante o período menstrual. A porcentagem sobe para 26% entre as adolescentes de 15 a 17 anos. A pesquisa também revelou que no geral, 54% das mulheres entre 14 e 24 anos sabiam nada ou tinham poucas informações sobre menstruação no momento da menarca (primeira menstruação).

A pesquisa foi feita pela marca Sempre Livre, da Johnson & Johnson, em parceria com a KYRA Pesquisa & Consultoria. Além do Brasil, participaram mulheres da Índia, África do Sul, Filipinas e Argentina, um total de 1,5 mil mulheres. O essa pesquisa, entre outras, revela é a chamada pobreza menstrual além do tabu que ainda é a menstruação.

 

E qual é o impacto da pobreza menstrual para a emancipação feminina e o pleno desenvolvimento de corpos que menstruam?

 

A Plan International do Reino Unido, estima que 49% das meninas perderam um dia inteiro de aula por causa da menstruação, das quais 59% inventaram uma mentira ou uma desculpa alternativa. A pesquisa também mostra que 64% perderam uma aula de educação física, ou esporte, dos quais 52% das meninas inventaram uma desculpa. Isso significa que pessoas que menstruam tem seus estudos afetados pelo ciclo, podendo levar até mesmo ao abandono escolar.

A falta de acesso á absorventes é uma questão também de saúde pública e direitos humanos básicos para mulheres encarceradas. No livro Presos que Menstruam a jornalista Nana Queiroz pesquisou a fundo o sistema carcerário brasileiro ao longo de quatro anos a partir do contato com algumas das detentas que revelaram as condições brutais e sub-humanas que enfrentam todos os dias. Uma das situações chocantes que o livro revela é o fato de que as mulheres encarceradas usam miolo de pão como absorvente.

Segundo levantamento da ONG Trata Brasil, em 2016, 1,6 milhão de brasileiras não tinham banheiro em casa, 15 milhões não recebiam água tratada e 26,9 milhões moravam em locais sem coleta de esgoto. Para famílias em situação de vulnerabilidade econômica e social, é inviável o acesso a protetores menstruais como os absorventes descartáveis, que são artigos de luxo. Desta forma, as meninas e mulheres acabam recorrendo a métodos inseguros e pouco eficazes para reter o fluxo, tais como folhas de jornal, folhas de árvore e até barro.

Essas são situações em que a falta de saneamento básico infere na impossibilidade de se ter dignidade menstrual. E o que dizer de pessoas que nem mesmo tem moradia? Absorvente custa dinheiro e pode significar para pessoas em situação de rua não ter uma refeição naquele dia. Além da falta de dinheiro, essas pessoas também não tem água, privacidade ou atendimento médico apropriados para viverem seu ciclo com dignidade.

 

Movimento Cadê o Absorvente

 

Pensando em todas as problemáticas envolvendo a dignidade menstrual que surge o Movimento Cadê o Absorvente. Idealizado pela Herself Educacional, um negócio de impacto que atua na produção de peças tecnológicas e educação menstrual como ferramentas para igualdade menstrual, conta com a organização de diversos coletivos, entre eles a Não Me Kahlo, o Coletivo Geralda, o Coletivo Eco_nomia, o Aquilombar, o Coletivo Madas, o DisrupDiva, o Coletivo Maria Aragão, o Filhas de Frida, entre outros.

Trata-se de um movimento formado por uma rede colaborativa voluntária que busca garantir dignidade menstrual para todas as pessoas. Queremos um Brasil em que a menstruação não seja um limitante na vida de nenhuma pessoa. Para tanto, queremos aliar prática com educação. O objetivos são do Movimento Cadê o Absorvente são:

  • Possibilitar que todos possam viver sua menstruação com autonomia
  • Unir os entusiastas e ativistas da causa para compartilharem suas boas práticas alcançando maior impacto nacional (professores, ativistas, ongs, coletivos, marcas, instituições, pesquisadores)
  • Conectar iniciativas de dignidade menstrual
  • Buscar o fim do monopólio da produção e informação sobre menstruação
  • Realizar atividades com a comunidade local a partir do entendimento das suas necessidades específicas através de soluções adaptáveis para cada contexto.
  • Pressionar o Poder Público a garantir o direito à dignidade menstrual.
  • Apoiar o desenvolvimento de políticas públicas que promovam a dignidade menstrual.
  • Difundir informação através de conteúdos e oficinas sobre educação menstrual.

 

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